Fotógrafa Sheila Oliveira lança o livro “Saberes e Fazeres – Um olhar para a educação Indígena e Quilombola no Ceará”
A Biblioteca Pública Estadual do Ceará realiza no dia 14 de março, às 18h, o lançamento do livro “Saberes e Fazeres – Um olhar para educação Indígena e Quilombola no Ceará”, da reconhecida fotógrafa Sheila Oliveira, sob a coordenação editorial de Patrícia Veloso e com projeto gráfico de Majoí Ainá Vogel e Carlos Enrique Tapella.
A publicação documenta das práticas pedagógicas e relações sociais e culturais vivenciadas em 14 escolas em comunidades Indígenas e Quilombolas no Ceará, reunindo as experiências educacionais com propostas e diretrizes diferenciadas, que assumem um importante papel na valorização e preservação de memórias, saberes e na reafirmação das identidades étnicas.
A iniciativa é viabilizada com o patrocínio da Enel, apoio institucional da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult-Ce), por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura (Mecenato), apoios do UNICEF, Secretaria da Educação do Ceará (Seduc-Ce), Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) e Banco do Nordeste (BNB).
Sobre o projeto iconográfico
O projeto iconográfico iniciou em meados de 2022 com os registros de Sheila Oliveira nas escolas de comunidades Indígenas e Quilombolas, sob a curadoria e auxílio da Seduc-Ce, na companhia da educadora carioca, Rona Hanning, idealizadora do Instituto Ler é Abraçar. A educadora também assina a contracapa do livro e, com sua larga experiência em diversos campos sociais e culturais do Brasil, foi de extrema importância para o projeto, contribuindo por meio de sua perspectiva educativa, desenhando a narrativa visual do livro levando em consideração as vivências, o desejo e o olhar sensível e autoral de Sheila Oliveira.
O texto de apresentação do “Saberes e Fazeres – Um olhar para a educação Indígena e Quilombola” no Ceará é de Claudia Leitão, que discorre de maneira poética, mencionando o trabalho da fotógrafa como “uma fechadura mágica paralisado pela imagem”, fazendo também um apanhado da história até chegar na ancestralidade dos povos Indígenas e Quilombolas, bem como o lugar de importância que as escolas ocupam nesses territórios historicamente invisibilizados.
O livro apresenta uma narrativa visual entrelaçada entre ancestralidade e educação, contada a partir do ponto de vista dos líderes das comunidades Indígenas e Quilombolas, uma linguagem original que sustenta e embasa o modo de vida, suas crenças, perspectivas e modos de vida, captados cuidadosamente pela fotógrafa.
A previsão de lançamento do livro é para março de 2024, onde o conteúdo será disponibilizado no formato impresso e digital E-pub, além da doação de 30% dos exemplares da publicação, junto à versão E-pub, para as escolas que participaram da iniciativa e instituições culturais do estado.
A motivação para realização do livro
A educação Indígena e Quilombola, vivenciada em escolas com espaços, currículos e práticas específicas, é um direito dessas comunidades previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira. Essas modalidades de ensino são pautadas por vivências pedagógicas fundamentadas no reconhecimento e na valorização da diversidade cultural dos povos indígenas e remanescentes quilombolas, exaltando suas memórias, as relações com a terra, as atividades produtivas, os modos de organização coletiva, conhecimentos, saberes e o respeito às suas matrizes culturais.
Segundo informações da Seduc-Ce, registra-se o funcionamento de 39 escolas indígenas na rede estadual e 9 escolas das redes municipais de ensino de Maracanaú e Caucaia e uma creche localizada em Itapipoca, distribuídas em 16 municípios: Acaraú, Aquiraz, Aratuba, Canindé, Caucaia, Crateús, Itapipoca, Itarema, Maracanaú, Monsenhor Tabosa, Novo Oriente, Pacatuba, Poranga, São Benedito, Tamboril e Quiterianópolis, assegurando a matrícula de 7.741 alunos. Em relação à educação quilombola, a Seduc-Ce aponta um total de 35 escolas municipais, 01 estadual, 01 privada, localizadas nos municípios de Aquiraz, Tururu, Croatá, São Benedito, Pacujá, Moraújo, Baturité, Pacajus, Horizonte, Iracema, Crateus, Poranga, Tamboril, Novo Oriente, Parambu, Quiterianopolis, Lavras da Mangabeira, Araripe, Potengi, Salitre, Porteiras e Fortaleza, atendendo um percentual de 4.551 estudantes.
Os dados acerca da situação do Ceará demonstram que o estado está construindo uma história de consolidação desse direito social, promovendo o fortalecimento dessas modalidades de ensino em territórios indígenas e em comunidades remanescentes de quilombos, numa parceria entre sociedade civil, governo e prefeituras. Ao fazer isso por meio de projetos e programas de políticas públicas, valoriza-se a formação multiétnica da população cearense e a pluralidade cultural do estado, além de disseminar e incentivar ações afirmativas identitárias de grupos indígenas e quilombolas e suas valiosas contribuições para a história, o patrimônio, as artes e a sociedade cearense.
E, o livro “Saberes e Fazeres – Um olhar para a educação Indígena e Quilombola no Ceará, nasce dentro desse contexto para documentar as experiências já encaminhadas no Ceará no que tange à educação indígena e quilombola em cerca de 14 localidades. O projeto contemplo pesquisas iconográfica e de campo com captação de fotografias dos territórios e do cotidiano, mapeamento de informações e coleta de dados etnográficos, depoimentos e imagens dos ambientes, das vivências pedagógicas, práticas culturais e do cotidiano de estudantes, professores, gestores e comunidade em torno do funcionamento das unidades educacionais.
Com seu caráter social, antropológico e histórico em sua dimensão documental e humanista, o livro endossa desde iniciativas de protagonismo às práticas e experiências das populações indígenas e quilombolas do Ceará, além de colocar em evidência a execução de políticas educacionais significativas para a promoção dos direitos sociais e culturais dessas comunidades.
Sobre a autora do livro, Sheila Oliveira
Nasceu na cidade de Itapipoca, Estado do Ceará, em 1957. Iniciou as primeiras experiências com fotografia aos 16 anos. Vive e trabalha em Fortaleza – Ceará. Estudou fotografia na Foximage, em Paris, 1988; e fez especialização em fotojornalismo em São Paulo, na Escola Focus, 1992. Trabalhou na Agence France Press, 1990 – AFP (Paris) e no jornal Folha de São Paulo. Em 2005 ganhou o Prêmio de Fotografia Chico Albuquerque, da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará com o livro Carnaúba a árvore que arranha, Editora Tempo D’imagem, seu primeiro livro, e em 2012, ganhou o prêmio do Edital das Artes da Secretaria da Cultura de Fortaleza com o livro “Redes de Dormir”/ em 2015 publica o livro “Rio Jaguaribe Memória no Tempo e nas Águas – Editora Dartista”. Foi Diretora/Presidente do Ifoto – Instituto da Fotografia entre 2010 e 2011. Tem imagens publicadas nas revistas Revista CARCARA Photo Art – Edição 2019 Almanaque Brasil Socioambiental – São Paulo, 2008 – Trabalho sobre a Carnaúba; Revista Seven Magazine – Fortaleza – Matéria sobre a Rede de Dormir; Revista Horizonte Geográfico, edição de fevereiro, 2008 – Carnaúba a árvore de mil e uma utilidade; Revista Casa Cor – Edição 2004. Participou de exposições coletivas e individuais no Brasil e exterior.